o preço das flores
(porque as flores têm preço)
é o princípio das dores
de um último começo
Mês: julho 2005
outro domingo (ou tequilla X speedy)
No quintal lá da casa
onde uns dias dormi
minha cachorra tentava
comer o jabuti
usou patas e dentes,
latiu de pirraça
nada pôde fazer
contra tal carapaça…
sai, cadelinha,
deixa a tartaruga!
(pois é dentro da casca
que ela esconde a bazuca)
Couve flor
Eu não tenho destino
sou um jogo de dados
de uma partida travada
entre a sorte e o acaso
gota (um pouco de prosa, porque não?)
A mesa tremeu, a garrafa entornou, mas ninguém estava em condições de se importar.
O vinho fugindo. A sala em silêncio. Nos guardanapos e na toalha se esgueiraram seis anos de fermentação.
Nenhum par de olhos quis enxergar o vermelho. Vai pingar. Vai pingar. Vai pingar. A metáfora de sangue embriagando o sangue no chão. Sem ter o que lhe descesse pela garganta, alguém engoliu em seco.
Mesmo com o nascer do sol
persistia o escuro
imagino que o parto
tenha sido prematuro
os olhos dos outros
um livro é uma janela
que a gente abre e olha
para fora de si.
meu tipo de hospitalidade
pode entrar, gente
sejam bem vindos,
que a porta tá aberta
e eu acho que perdi minhas chaves.
(depois do tapa na cara)
dois dedos de prosa
e ele te tem
na palma da mão.
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talvez fome seja psicológica.
Mas por enquanto comida ainda é mais barata que prozac.
não há diálogo.
tudo que existe é um monólogo com muitos participantes.
o que jack não disse
seria tão mais fácil
ser uma mão , um braço
(ou a vesícula, o baço…
até mesmo um joelho!)
que qualquer aparelho
entende sem embaraço.
Mas se olho no espelho,
sentido não faço
sou um ser inteiro.
Invejo os pedaços.